151|pp 150-152| Año XV N°26| diciembre 2022 – mayo 2023| ISSN 1852-8171 | Reseñas 
 
 
 
Outro importante assunto discutido pelo autor é a relação da função reitoral com elementos improvisacionais, 
característicos de trabalhos de chefia que implicam um certo jogo estabelecido entre o previsto e o imprevisível. 
Nesse segmento, Luciano Rodrigues Marcelino nos alerta, por meio de um tom crítico e, ao mesmo tempo, sensível, 
quanto  aqueles  reitores  que  não  conseguem  manter  uma  agenda  de  relacionamento  com  a  sua  própria 
comunidade acadêmica. Isso acontece quando o reitor passa pela função sem sentir o que se passa nos corredores, 
salas de aula, salas de professores, espaços administrativos e, para usar as palavras do autor “onde a universidade 
tem vida...”(MARCELINO, 2022, p. 76). Tal perspectiva se aproxima de uma reflexão enfrentada por Wagensberg ao 
defender uma mudança no ensino universitário que possibilite o diálogo e a valorização da vida que acontece nos 
espaços da universidade. Mas como? 
Fomentando o conceito de cafeteria! Uma boa faculdade tem que se parecer com um grande espaço construído 
em  torno  de  outros  dois espaços  centrais:  uma  grande  biblioteca  (ou  o  equivalente moderno)  e  uma  grande 
cafeteria (ou equivalente moderno).[...] Uma boa faculdade deve ser, antes de tudo, um grande lugar de encontro 
(WAGENSBERG, 2009, p. 63) 
 O reitor deve estar atento às demandas de uma comunidade plural, diversa e que lida com urgências igualmente 
distintas. No capítulo 6 de Magnífico Reitor Magnífico, o leitor se defronta com importantes questões que norteiam 
uma problemática de difícil resolução: o que é reitorar no Séc. XXI? Não há fórmulas preconcebidas ou manuais de 
funcionamento. Talvez um dos caminhos possíveis seja a formação de alianças fortes e estratégicas, a partir de uma 
construção  coletiva  que  é  o  avesso  da  guerra  e  da  disputa.  O  autor  do  livro  desenha  alguns  panoramas 
interessantes, como por exemplo, o da América Latina e Caribe que, inspirados em algumas iniciativas europeias, 
vem “gerando sinergias de modelos acadêmicos, convergências de ativos do conhecimento, mobilidade acadêmica 
e promoção do desenvolvimento sustentável no sentido stricto.” (MARCELINO, 2022, p. 89).  
Ainda  no  capítulo  6,  destaca-se  um  importante  ensaio sobre  democracia,  conceito  tão  atacado  e  até  mesmo 
menosprezado por alguns nichos da sociedade nos dias atuais. O gancho que o autor propõe com a noção de 
corrupção, especialmente ao abordar um esquema que envolve o corruptor, o corrompido, o sujeito conivente e o 
sujeito irresponsável, embora bastante vinculado ao funcionamento prático de universidades não públicas, contém 
algumas interessantes provocações. No que tange aos aspectos que permeiam as boas práticas em gestão pública, 
o  autor  encara  esses  temas  por  um  prisma  ainda  pouco  discutido  em  obras  direcionadas  à  comunidade 
universitária. Talvez, em estudos futuros, os tópicos levantados para as categorias corruptas elencadas pudessem 
ser  aprofundados,  para  que,  subsidiados  teoricamente  e  em  diálogo  com  a  literatura  vigente  sobre  o  tema, 
apresentem, de algum modo, perspectivas de resolução ou mesmo mobilização, principalmente quanto ao teor e 
contexto nos quais os pontos apresentados pelo autor se fazem presentes. 
Depois  de  uma passagem pelo  que  poderia se  constituir enquanto  um  roteiro reitoral (inclusos pré-mandato, 
mandato e pós-mandato reitoral) e pela responsabilidade do reitor pela formação educacional de sua comunidade 
(inclusas as perspectivas humanitária e transcendente de relação com a educação), o leitor chega ao penúltimo 
capítulo, destinado a discutir os modos como um reitor pode marcar uma universidade, ou seja, qual o legado de 
um reitor? A partir da apresentação de  documentos, cartas, entrevistas e outros registros, o  autor  nos leva a 
perceber  que  um  reitor  pode  deixar  diferentes  heranças  nos  espaços  em  que  atua,  e  elas  são,  geralmente, 
traduzidas discursivamente  pela  própria comunidade  acadêmica.  O  reconhecimento  de um  período  de  gestão 
reitoral se alastra, assim, ao longo da história da própria instituição, constituindo percursos e afetos, impactando a 
vida de discentes, docentes, técnicos e demais colaboradores que fazem funcionar a universidade. 
O Capítulo 10, homônimo ao título da obra, é dedicado a discutir o que poderia se configurar enquanto perfil de 
um reitor efetivamente magnífico, atento aos ciclos institucionais, ciente de sua função e das portas que pode/deve 
abrir, conectado às urgências do seu próprio tempo e adepto, sempre, à própria ressignificação do ofício de reitor.  
A seção Aproveite bem o livro contém algumas dicas de leitura, tanto para consumo individual quanto para estudos 
dirigidos  em  grupo,  o  que  configura,  também,  um  mecanismo  de  movimento  e  potência  da  obra,  já  que  os 
apontamentos do autor levam, mesmo, o leitor, a se questionar, problematizar e desejar o diálogo, sob diferentes 
ângulos, entre a teoria e a prática expostas ao longo do texto.