48 |pp 44-59|Año XV N°26|diciembre 2022 – mayo 2023|ISSN 1852-8171| Artículos
foi observada mais recentemente, nos dados do Censo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira [INEP] (2019) conforme descrito no estudo de Silva (2020):
O Ensino Médio, que, ao final do século XX, contava com pouco mais de 3 milhões e 500 mil matrículas (menos de
25% da faixa etária em idade apropriada) chega em 2004 ao ápice de, aproximadamente, 9 milhões de pessoas
matriculadas, o que correspondia a pouco mais de 50% dos indivíduos entre 15 e 17 anos. A partir desse período,
assiste-se à diminuição desse quantitativo, ano após ano, chegando, em 2017, a um total abaixo dos 8 milhões (p.
275).
Fatores como estigmas, preconceitos, estereótipos, discriminação atribuídos a este grupo, somadas às
desvantagens socioeconômicas e de não valorização do estudo pela família, estudante e sociedade em geral, assim
como a necessidade de ingressarem cedo ao mercado de trabalho, incrementam as estatísticas que justificam a
evasão escolar, conforme referenciado por Martins et al. (2022). Mas por outro lado, alerta que o aumento de
matrícula no Ensino Médio pode estar associado as mudanças decorrentes das políticas educacionais inclusivas, no
Brasil. Sobretudo, na redação dada ao Plano Nacional de Educação (2014) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais
da Educação Básica (2013) que, segundo os achados de Moehecke (2019):
Traziam um discurso sedutor e inovador, por meio da valorização de uma concepção de educação para a
vida e não mais para o trabalho” e da defesa de um Ensino Médio unificado, integrando a formação
técnica e científica, o saber fazer e o saber pensar, superando a dualidade histórica desse nível de ensino;
de um currículo em consonância com as políticas educacionais inclusivas e adaptado à realidade do aluno
e às demandas sociais; formalização dos projetos políticos pedagógicos de modo contextualizado e
interdisciplinar; uma compreensão acerca de diversidade de uma forma mais singular e subjetiva, que
realmente coloque o sujeito como foco. (p. 9).
Nesta direção, cabe destacar que políticas públicas educacionais voltadas para a acessibilidade e inclusão
favoreceram esse processo de aumento de matrículas de pessoas em situação de deficiência no Ensino Superior,
como a Portaria nº 3.284 (2003, conforme citado Martins et al. 2018, p. 2) que dispõe sobre Acessibilidade de
pessoas em situação de deficiência em Instituições de Ensino Superior, “em que fica estabelecido, entre outros
aspectos, que o acesso do estudante em situação de deficiência ao ensino superior deve ser garantido em todas as
instituições, quer públicas, quer privadas, permitindo, assim, a permanência do estudante em cursos de graduação”
(p. 2); o Decreto 5.296 (2004) que estabelece as normas gerais e critérios básicos para o atendimento prioritário à
acessibilidade das pessoas em situação de deficiência ou com mobilidade reduzida e a Lei nº 11.096 (2005) que
estabelece o Programa Universidade para Todos [PROUNI] pensando em criar políticas de acesso que beneficiassem
diretamente as pessoas em situação de deficiência, dentre outras.
Conforme apontaram Garcia et al. (2018), a partir da LDB (1996), a necessidade de acessibilidade passou a ser cada
vez mais requerida nas IES:
As primeiras modificações referentes à acessibilidade foram feitas no processo classificatório de ingresso
no Ensino Superior, sendo sugeridas alterações tanto na elaboração do edital, no momento das provas,
quanto na correção delas. Sendo assim, são exigidas da comissão do vestibular mudanças no que se refere
aos critérios de avaliação, organização de salas e recursos adaptados necessários para que o candidato
possa realizar a prova, como, também, considerar as especificidades inerentes a cada necessidade
específica do alunado, no momento da correção. (p. 2).
Tais mudanças possibilitaram observar o aumento de matrícula de estudantes em situação de deficiência nas IES,
porém admitidos como uma conquista recente. A esse respeito, Martins et al (2018) alertam para uma lacuna
acerca da presença destes sujeitos, quando “comparados à população geral, posto que 0,4% das matrículas
efetivadas no ensino superior, foram conferidas a de estudantes em situação de deficiência” (p. 2). Tais achados,
embora importantes, foram considerados pelas autoras como pouco expressivos se levarmos em conta a vigência